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Arquitetos: associer
- Área: 4406 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Pierre-Yves Brunaud

Descrição enviada pela equipe de projeto. No coração do 19º arrondissement de Paris, um terreno isolado, cercado por blocos residenciais e torres, passou por um processo de requalificação. O atelier associer transformou o antigo liceu profissional Jean Quarré, dos anos 1970, em uma mediateca e uma Casa do Refugiado. A relevância cultural e social desse programa é única no mundo: trata-se de um equipamento cultural de bairro que, ao mesmo tempo, acolhe pessoas exiladas e promove sua integração no território parisiense. A mediateca se soma às quatro já existentes na cidade de Paris que possuem um “centro para pessoas surdas”, com atendimento especializado em Língua de Sinais. Já a Casa do Refugiado reúne, sob o mesmo teto, todas as dimensões do processo de integração dos refugiados, em um espaço acolhedor de encontro e troca.



Redescoberta da estrutura existente — As estruturas do antigo colégio foram preservadas, limpas e passaram por processos de retirada de amianto. Elementos pré-fabricados, como pilares, vigas, lajes e painéis de fachada em concreto armado, foram restaurados. Parte dos pisos, paredes e painéis foi cuidadosamente desmontada, com elementos cortados reaproveitados no próprio local. Esse processo conferiu nova regularidade à estrutura e melhor qualidade ao concreto aparente, resultando em espaços ideais para uma mediateca e um centro de acolhimento.




Espaços abertos ao ar e à luz natural — O projeto segue princípios de arquitetura bioclimática, aproveitando ao máximo os recursos naturais disponíveis. A estrutura existente, agora depurada, recebe melhor iluminação natural. Suas superfícies expostas apresentam texturas suaves e ricas, e proporcionam inércia térmica favorável à regulação da temperatura interna. O conjunto ainda promove ventilação natural e higiênica, por meio da criação de vazios internos em dupla altura e de um poço de ventilação conectado ao jardim do pátio.

Um elo de madeira e terra vertida — Com uma abordagem ecológica, os arquitetos propuseram uma renovação completa da situação existente, complementada por novas construções em materiais biossourçados e geossourçados. A mediateca — de planta quadrada — e a Casa do Refugiado — de volume alongado — são unidas por um volume vertical chamado “o elo”, que articula os diferentes níveis e ambientes das duas instituições. As paredes dessa construção não aquecida são feitas de painéis de terra vertida pré-fabricados, que garantem inércia térmica e controle de umidade. Uma estrutura de madeira envolve o volume, funcionando como brise e filtro solar de alta eficiência.
Hospitalidade — A estrutura vertical em pilares e vigas de madeira cria um espaço acolhedor, onde refugiados e moradores do bairro podem tomar um café, aprender francês ou cozinhar juntos. Os ambientes são amplos, com diferentes configurações e tratamento acústico especialmente projetado para o conforto de todos. Uma longa varanda voltada para o sul oferece momentos de descanso e acesso direto ao jardim compartilhado.



Paisagem e biodiversidade — O projeto reverteu a impermeabilização de 70% da área do terreno. O solo natural reaparece por toda parte: no pátio central da mediateca, na praça de entrada, no jardim sombreado, no jardim compartilhado e na varanda da Casa do Refugiado. A estratégia para combater as ilhas de calor urbanas inclui o aumento das superfícies vegetadas, o uso de revestimentos claros (lajes de concreto reciclado e areia estabilizada) e a criação de um espelho d’água raso entre o jardim compartilhado e o jardim sombreado.
