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Arquitetos: Sem Muros Arquitetura Integrada
- Área: 175 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Paula Monroy, Emilio Echevarría

Descrição enviada pela equipe de projeto. Este projeto é parte do programa "Una Escuela Sustentable" da ONG Tagma, integrando a rede de edifícios educacionais públicos e sustentáveis em diversos países da América Latina. Através de uma chamada aberta e de algumas visitas, a escolhida no Brasil foi a Escola Municipal Rural Nossa Senhora da Conceição, escola pública de ensino fundamental I, em Mogi das Cruzes, São Paulo. Ocupando um prédio da década de 1950 contava com apenas duas salas de aula, banheiros cujo esgoto era direcionado para o córrego ao lado, e salas de direção e professores improvisadas em pequenos espaços, ao mesmo tempo com grande espaço gramado e linda paisagem circundante.

O projeto de reforma e extensão foi desenhado a partir de um processo participativo realizado com estudantes, funcionários e familiares, através de dinâmicas específicas para cada grupo, partindo de uma questão central: o que você imagina para esta escola?

Como resultado da sistematização dessas atividades chega-se ao programa do projeto, norteado por três eixos: o baixo impacto ambiental; a construção em formato de curso teórico-prático; e o prazo de obra de 45 dias. Assim, estendendo a área coberta da escola ganha-se uma sala de aula com fechamento em wood frame para o primeiro ano e mais área de pátio coberto para usos em dias de chuva e muito sol; aproveita-se a área onde estava a sala de direção (abaixo da caixa d'água) para dois banheiros (um acessível e outro para funcionários, com suas águas cinzas (pia e chuveiro) destinadas a um círculo de bananeiras, e suas águas escuras (vasos sanitários), somadas às dos banheiros existentes e da cozinha, destinadas a uma estação de tratamento ecológico; e, anexas a este espaço, também em wood frame, são criadas as salas de professoras e diretores, cobertas por um teto verde.


A sala multiuso, espaço muito desejado pelas crianças para as aulas de música, dança, computação e leitura, é um dodecaedro, gerando um espaço interno livre. Cada radial deste polígono contém uma parede estrutural em taipa de pilão -terra compactada- que recebe a treliça de madeira do telhado, composta por peças de seções pequenas -fáceis de manusear-. As doze treliças se unem em um anel central com abertura zenital, reforçando o caráter lúdico do espaço.

O fechamento entre as paredes de taipa é o próprio mobiliário do espaço, otimizando o formato da construção e atuando como elemento recreativo onde janelas também são portas, bancos estão ora para dentro e ora para fora, conectando-se à paisagem.

Neste projeto envolveram-se construtores, comunidade escolar, poder público, crianças, arquitetos, estudantes, dentre outros, dentro de um processo com abordagem interdisciplinar e coletiva, onde o desenho participativo se estende e ganha corpo durante a obra com soluções criadas a partir dos recursos disponíveis ali. Temos mobiliário construído com sobras de madeira da obra; preenchimento do wood frame com palha seca da fazenda vizinha, dentre outros exemplos que só podem surgir no decorrer obra), e que agregam força e significado ao espaço, criando uma arquitetura que responde às necessidades reais das pessoas e do lugar.
